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 Dr. ALCEU DE LEMOS

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PREVISÃO PARA 2020


A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 os transtornos depressivos serão a segunda maior causa de comprometimento funcional, perdendo apenas para as doenças coronarianas.
As causas da depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem uniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da pessoa como fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais) e fatores ambientais, sociais e psicológicos (estresse, estilo de vida, morte na família, climatério, entre outros).
Nossa observação em 25 anos de psiquiatria, registra que a maioria dos portadores de quadros depressivos procuram inicialmente um clínico geral ou um neurologista.. Estatisticamente 80% são tratados por não psiquiatras, ou mesmo não tratados, fazendo que até instituições não governamentais como a Associação Brasileira de Psiquiatria, procurem familiarizar os médicos de todas as especialidades com diagnósticos e tratamento na esfera psiquiátrica esperando diminuir os custos diretos e indiretos privados e públicos decorrentes da incapacitação profissional e social.
Os transtornos depressivos ocorrem em comorbidade com outras doenças, levando a evolução incapacitante, fazendo os departamentos periciais sobrecarregarem-se.
O Data-Folha em pesquisa recente revela que 10% da população sofre de transtorno mental ou tem algum familiar com a doença. Portanto, trata-se de assunto de interesse público, sendo urgente a correção no Programa de Saúde Mental onde apela-se para assistência terciária (Hospitalocêntrico ou Capscêntrico).
O Brasil é um dos países que destinam uma das menores parcelas do orçamento da saúde para o tratamento de doença mental, 2%.
Em relação ao tratamento é bom informar que os antidepressivos não são calmantes, nem estimulantes e não criam dependência física ou psíquica.
Os pacientes devem ser orientados quanto a natureza médica da doença, tempo de latência para início de resposta e possíveis efeitos colaterais. Quase todos os antidepressivos precisam de 3 a 6 semanas para fazerem efeito, sendo aconselhado um acompanhamento psicoterápico concomitante.
O tratamento nos dias de hoje pós "década do cérebro" onde a farmacopsiquiatria avançou quatro décadas em uma, é um sucesso! Acreditamos que com o diagnóstico correto e uso adequado das medicações disponíveis possamos rever a previsão da Organização Mundial da Saúde para 2020.

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